terça-feira, 8 de novembro de 2011

PAMA-SP 2011: Comparando os novos e os velhos bicos dos bicudos.


Chegamos à última matéria desta prolífica série sobre o mais recente  “Domingo Aéreo” do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), realizado em 16 de outubro de 2011. Pela própria quantidade de matérias que publicamos sobre assuntos relacionados ao PAMA-SP (veja links ao final), percebe-se que esse evento rendeu não só um bocado de chuva do lado de fora dos hangares mas também, talvez por causa da mesma chuva, a oportunidade de se apreciar muitos detalhes interessantes do principal objeto de trabalho da organização: o F-5, carinhosamente conhecido na Força Aérea Brasileira (FAB) como “bicudo”.

Um detalhe interessante, que é a diferença dos “bicos” dos “bicudos” em suas versões modernizadas ou ainda aguardando modernização, pôde ser apreciado lado a lado no hangar de revisão dos caças F-5. Um olhar mais atento permitia ver essa diferença entre um F-5EM (modernizado), praticamente todo montado, visto ao lado de uma célula de F-5F ainda aguardando para ser mandada para a Embraer, onde será feita a sua modernização, com a instalação de novos equipamentos. Essa comparação fica clara, na foto que abre esta matéria, quando se sabe que um desses equipamentos é um novo radar, o GrifoF/BR, com uma antena de diâmetro maior do que o dos radares antigos do caça (a imagem de um radar Grifo da Selex Galileo, aqui ao lado, dá uma ideia da nova antena, embora esteja instalada em um nariz de aeronave que apresenta outra configuração / disponibilidade de espaço).

Para instalar uma antena maior, não há mágica: é necessário uma largura e altura maiores da fuselagem anterior, no ponto onde é instalada. Como o nariz de um caça normalmente é afilado em direção à sua ponta, logicamente esse espaço maior só pode ser encontrado indo mais para trás. Assim, o programa do F-5 “Mike” (código para M de modernizado) incluiu o corte de parte da estrutura do nariz da aeronave, porém sem mudar o aspecto final externo, trabalho que está, conforme informações do pessoal do PAMA-SP, a cargo da Embraer.

Em resumo, o resultado é que o radome passou a ter um volume interno maior, mantendo-se praticamente o mesmo perfil aerodinâmico anterior do nariz, como mostra a ilustração acima. Abaixo, pode-se ver uma ampliação da foto que abre esta matéria. O nariz de um F-5E já modernizado, é visto à esquerda, e a parte anterior de uma célula de F-5F que ainda deverá ser entregue à Embraer para modernização, é vista à direita. Resguardadas as diferenças de posição e proximidade em relação à câmera, vê-se claramente que  há um espaço mais longo, no nariz da aeronave não modernizada, separando a ponta da pequena entrada de ar que substitui o canhão direito e a parte da fuselagem onde se encaixa o radome. Na aeronave modernizada, esse espaço é bem mais curto, como destacado pelos traços em preto feitos sobre a foto. A diferença entre o comprimento desses espaços representa justamente a parte da fuselagem que é “cortada”.

O conjunto de duas fotos, abaixo, ajuda a entender melhor ainda a diferença, pois a da direita mostra um “Mike” sem o radome, e pode ser comparada à imagem da célula do F-5F (a mesma aeronave da foto anterior) vista de outro ângulo. Repare na parte da fuselagem que está à frente do compartimento dos aviônicos (que corresponde do outro lado da aeronave ao compartimento do canhão, no caso dos caças monopostos), cuja cobertura no caça F-5EM da foto da direita é vista apenas encostada, sem travar. Fica evidente como é mais comprida essa parte anterior da fuselagem na célula da esquerda, ainda não mandada para modernização na Embraer.
A mesma comparação pode ser feita com as duas imagens abaixo, que mostram as duas aeronaves das fotos anteriores em vistas frontais. Evidentemente, qualquer fuselagem de F-5F é mais longa que a de um modelo monoposto, mas esta diferença fica restrita à área da cabine. À frente dela, a fuselagem é praticamente igual nos dois modelos. Pode-se reparar que a “caverna” (placa montada no sentido transversal da estrutura) frontal das duas células, onde é instalada a antena do radar e onde se encaixa o radome, também tem um desenho bastante diferente. Isso é devido, evidentemente, aos requisitos de instalação da antena do radar Grifo.
Mostramos mais acima a antena de um radar Grifo (apesar de visivelmente instalada no nariz de outro tipo de aeronave), então vale a pena mostrar como era o radar antigo do F-5. Flagramos um dos caças F-5E adquiridos usados junto à Jordânia, e que aguardam a revisão / revitalização no PAMA-SP, com um radar original instalado. E bota original nisso: trata-se de um Emerson AN/APQ-153, o mesmo que equipava os caças do primeiro lote de F-5 da FAB, cujas entregas começaram em 1975. Posteriormente, segundo diversas fontes, os F-5 da FAB foram reequipados com uma versão melhorada, o AN/APQ-159, com maior alcance e capacidades. Clique nas fotos abaixo para ampliar e conferir mais detalhes da instalação da antena do velho radar.
Na foto abaixo, à esquerda, o mesmo caça F-5E é visto um pouco mais de longe, num ângulo que evidencia o quão pequena é a antena e o exíguo espaço disponível para a mesma, no caça não modernizado. Na imagem da direita, um outro F-5E “ex-Jordânia” mostra o radome instalado, para comparação.
Por fim, duas imagens mostrando um F-5E ainda aguardando revisão / modernização, à esquerda, e um F-5EM sofrendo revisão no PAMA-SP, à direita, ambos com seus respectivos radomes instalados. O ângulo das fotos, razoavelmente parecido, ajuda a perceber como ficou mais curta a seção da fuselagem que no caça modernizado está com a pintura básica amarelo-esverdeada (primer), comparada à mesma seção do caça sem modernização, vista logo à frente do compartimento aberto (e vazio) do canhão, cuja cobertura está levantada.

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