Chegamos à última matéria desta prolífica série sobre o mais recente “Domingo Aéreo” do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), realizado em 16 de outubro de 2011. Pela própria quantidade de matérias que publicamos sobre assuntos relacionados ao PAMA-SP (veja links ao final), percebe-se que esse evento rendeu não só um bocado de chuva do lado de fora dos hangares mas também, talvez por causa da mesma chuva, a oportunidade de se apreciar muitos detalhes interessantes do principal objeto de trabalho da organização: o F-5, carinhosamente conhecido na Força Aérea Brasileira (FAB) como “bicudo”.
Um detalhe interessante, que é a diferença dos “bicos” dos “bicudos” em suas versões modernizadas ou ainda aguardando modernização, pôde ser apreciado lado a lado no hangar de revisão dos caças F-5. Um olhar mais atento permitia ver essa diferença entre um F-5EM (modernizado), praticamente todo montado, visto ao lado de uma célula de F-5F ainda aguardando para ser mandada para a Embraer, onde será feita a sua modernização, com a instalação de novos equipamentos. Essa comparação fica clara, na foto que abre esta matéria, quando se sabe que um desses equipamentos é um novo radar, o GrifoF/BR, com uma antena de diâmetro maior do que o dos radares antigos do caça (a imagem de um radar Grifo da Selex Galileo, aqui ao lado, dá uma ideia da nova antena, embora esteja instalada em um nariz de aeronave que apresenta outra configuração / disponibilidade de espaço).
Para instalar uma antena maior, não há mágica: é necessário uma largura e altura maiores da fuselagem anterior, no ponto onde é instalada. Como o nariz de um caça normalmente é afilado em direção à sua ponta, logicamente esse espaço maior só pode ser encontrado indo mais para trás. Assim, o programa do F-5 “Mike” (código para M de modernizado) incluiu o corte de parte da estrutura do nariz da aeronave, porém sem mudar o aspecto final externo, trabalho que está, conforme informações do pessoal do PAMA-SP, a cargo da Embraer.
Em resumo, o resultado é que o radome passou a ter um volume interno maior, mantendo-se praticamente o mesmo perfil aerodinâmico anterior do nariz, como mostra a ilustração acima. Abaixo, pode-se ver uma ampliação da foto que abre esta matéria. O nariz de um F-5E já modernizado, é visto à esquerda, e a parte anterior de uma célula de F-5F que ainda deverá ser entregue à Embraer para modernização, é vista à direita. Resguardadas as diferenças de posição e proximidade em relação à câmera, vê-se claramente que há um espaço mais longo, no nariz da aeronave não modernizada, separando a ponta da pequena entrada de ar que substitui o canhão direito e a parte da fuselagem onde se encaixa o radome. Na aeronave modernizada, esse espaço é bem mais curto, como destacado pelos traços em preto feitos sobre a foto. A diferença entre o comprimento desses espaços representa justamente a parte da fuselagem que é “cortada”.
O conjunto de duas fotos, abaixo, ajuda a entender melhor ainda a diferença, pois a da direita mostra um “Mike” sem o radome, e pode ser comparada à imagem da célula do F-5F (a mesma aeronave da foto anterior) vista de outro ângulo. Repare na parte da fuselagem que está à frente do compartimento dos aviônicos (que corresponde do outro lado da aeronave ao compartimento do canhão, no caso dos caças monopostos), cuja cobertura no caça F-5EM da foto da direita é vista apenas encostada, sem travar. Fica evidente como é mais comprida essa parte anterior da fuselagem na célula da esquerda, ainda não mandada para modernização na Embraer.
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