Desta vez, a volta num supersônico foi mais emocionante porque ele foi autorizado a fazer “algumas manobras”. Fora isso, o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho, saiu com a impressão de que a aeronave francesa “não tem grande diferença” em relação à sueca. Trata-se da opinião de um leigo, ele próprio reconhece. Mas o que mais lhe interessa, diz, foi ter deixado a França com a promessa de investimentos da indústria de defesa em São Bernardo.
Apesar de ser de Dilma a responsabilidade pela decisão sobre uma compra que envolve algo em torno de R$ 10 bilhões, Marinho, amigo de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda é considerado pelos fabricantes das aeronaves uma pessoa influente no processo de seleção.
É por isso que as três empresas cercam o prefeito. A visita à Dassault foi “um bombardeio de apresentações”, segundo disse Marinho ao Valor, por telefone, no sábado, enquanto se dirigia à casa do embaixador brasileiro, em Paris. No dia anterior, esteve em Bordeaux, onde conheceu as instalações da linha de produção do Rafale. O prefeito do PT acredita que Dilma deverá deixar a definição sobre os caças para o início do próximo ano.
Marinho entrou nesse episódio a partir de um contato da Saab. Até aqui defendia o caça sueco. Com o assédio dos demais concorrentes, sua base de avaliação ampliou-se. Por isso, decidiu aproveitar o lobby dos participantes da licitação para tentar atrair investimentos industriais para o município que ele administra. Do contato com a Saab, saiu o compromisso do projeto de um centro de pesquisas, que pode começar a operar em maio, um atraso de dois meses em relação ao cronograma inicial.
O prefeito acertou com os franceses a organização de um seminário, em São Bernardo, no qual pretende reunir empresas interessadas em participar de um consórcio para desenvolver o que seria uma nova vocação do ABC paulista: a indústria de defesa.
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